Hospital Casaredo 6






Novos ventos


Madame não tinha registros oficiais no sanatório, somente os atuais prontuários, redigidos pelos atendentes. As anotações atemporais que a senhora fazia, conhecidas deles, adquiriram status de relíquia para Gaspare. Uma indigente, um número e um apelido. Trouxera consigo folhas avulsas rabiscadas, três cadernos e um lápis, um naco de pão mofado e pedaços pequenos de tecido, bordados, em uma sacola surrada. As poucas roupas do corpo, sujeira e frio. Ainda caminhava com muita dificuldade quando chegou, descalça. Ardia em febre ao bater a aldrava da ala dos enjeitados. Alguma lucidez ainda havia, mas ela não disse palavra, entre alívio e pavor. Casos como o de Madame eram encaminhados à enfermaria da Assistência, e não contavam com observação médica, apenas ausculta, estudo da íris, interior da boca, ouvidos, estado da pele, cabelos, consulta simples às partes pudendas, para descarte de DST[1]. Após o banho e alimento recusados, o leito quem arranjou à senhora foi Gaspare. Ficou claro que ela precisava, antes de tudo, dormir. Aceitou água com gotas de láudano. Ao aviar as coisinhas do saco que a senhora trazia, o enfermeiro deu com os cadernos.


Os pacientes do pavilhão da Assistência eram usados em sessões empíricas pelos acadêmicos das demais alas. Fármacos novos, herbanário improvisado, isolamento, máquinas inovadoras, duchas com mangueira de carro de bombeiro, choques elétricos, insulínicos, camisa-de-força, casulo molhado, seco, tina das convulsões, luzes, claro, escuro, frio, calor. Tabefes, socos, bofetões, até chicotes. Bastava um surto violento.


Na Assistência, dependia do paciente receber cuidados adequados. Madame, logo no primeiro momento, deixou claro que se portaria de forma simples e serena, na maior parte do tempo. As convulsões, bastantes comuns, por conta das temperaturas altíssimas que a acometiam, apontavam para uma morte próxima. Tal situação a poupou de ser cobaia. E o tempo foi passando.


Gaspare sempre pedia permissão para ler os relatos da senhora e seguiu com o exercício de escuta, estabeleceu tópicos para seu artigo. Deu a Madame um novo caderno. Fez com que o objeto aparecesse por encanto. Deu-lhe também um lápis novo, de grafite forte. Madame tocou gentilmente o pulso do atendente, presságio de que havia possibilidades de comunicação entre eles. Não demorou muito para que Madame passasse a se arrastar, ao invés de caminhar. Foi logo após a primeira imersão no gelo. Havia uma sequela expressiva na perna esquerda, indícios de reumatismo, osteoporose. Os quadris estavam rodados para fora. O ventre, muito flácido, escorria pelas coxas, sempre inchado. O que impeliu a locomoção de arrasto foi o desejo de defecar longe da cama. A senhora comia muito pouco. Primeiro usou a colher, depois desinteressou-se, aceitou que lhe levassem o alimento à boca. Segurava o copo para beber. Tinha acessos de tosse seca e apneia. Muitas vezes, queria gritar e não podia. Foi por Gaspare que a alcunha Madame se espalhou pela Assistência. 


Julieta era o único som compreensível que Madame emitia, afora as murmurações, cantigas que ouvia de Maria ou dos áudios. No caderno, descrevia mares, faróis, barcos, luminárias fumegantes, ruas, feiras e um e outro personagem com quem talvez tivesse alguma conexão. Um deles aventurara-se, errante, pela costa portuguesa. Madame contava de um marinheiro, que levava especiarias daqui para ali. Gentes dali para aqui. Uma embarcação chamada Sor. Não mencionava naufrágios, mercancias escravagistas. O condutor da fragata tinha pecúnia própria, poucas vezes ameaçada, assim aparecia em uma página. No que este homem era relevante para Madame? E o outro, o belo? Talvez a senhora tivesse parentes, marido, filho, alguém que olhasse por ela. O enfermeiro consultou dados que a pudessem localizar, incorporar a uma freguesia, às quintas da região, a saber se possuía documentos, se pertencia a algum lugar, se figurava na lista dos desaparecidos. Quantos imigrantes se perderam, em situação similar à desta paciente? Quantas cruzes se encontrava pelos arredores, sem identificação? Parecia uma tolice, uma busca insólita. No caso em foco, havia um apelo que a Gaspare passava desapercebido. 


Ninguém podia explicar o por quê, mas a Assistência modificou-se, ficou mais humana após a chegada da mulher esquecida de si mesma. O jeito de Madame, seus modos, seu olhar, algo inspirava afeto, aproximou pacientes e atendentes. Os relatos escritos por ela descreviam adoecimentos psíquicos silentes. Será que o Donis existia? Estaria vivo? Será que José Gaetano existia? Estaria vivo? E quem seria Rosália? Estaria viva?


Após os procedimentos executados por Maria, na tarde da areia pelos buracos, Madame cozinhou-se em febre por um tempo. Forçosamente, precisou da banheira de gelo. Gaspare aplicou soro e antitérmicos, furtados a outra ala. Conseguiram um hemograma que acusava debilidade geral e um início de hipertireoidismo. A morte aguardava ensejo, eles pensaram. Maria, munida de um medidor de pressão que apareceu por mágica, controlava os batimentos cardíacos da senhora, fazia massagens expectorantes.  Madame não convulsionou, apenas delirou e debateu-se, a balbuciar Julieta, Julieta. Em alguns momentos, pedia para escrever, ocupou o caderno inteiro. Foram receitas de bacalhau. Várias. Madame resmungava, espaçadamente, ele nunca tocou para mim, ele nunca tocou para mim, ele nunca tocou em mim. Vale dizer que a diligência em torno de Madame naquelas horas de febre beneficiou os demais pacientes, em número de vinte e três no dormitório em que ela fora acomodada. Todos receberam mais atenção naquele período. Olhar para Madame era olhar por toda tripulação. Gaspare seguia a paciente, através da narrativa. Em uma das páginas se lia mais um aceno, poético, vindo do fascinante capitão-mor Alois Donis. O que um homem com tal envergadura enxergava em José Gaetano? O marujo, apaixonado, sentiu que tudo podia a partir daqueles bilhetes. Chegara, enfim, um humano justo e bom que o queria bem, que o salvava de malogro após malogro. Alguém inquiriu, tempos idos, por que sentir piedade por gentes como José Gaetano. 


Joana passou pelo dormitório, para dar de comer. A chegada daquela deusa de ébano à Assistência fora um espanto bom para todos. Sua voz grave era como címbalos profundos, afastava os fantasmas. Por ser, ao mesmo tempo, comedida e alegre, a atendente conseguiu a colaboração de mais dois atendentes, Alev e Matilde, que vinham sempre junto com ela, a abrir as janelas e recolher sujidades. Se havia algum lamento, grito, choro, a presença de Joana os silenciava. Ela fazia um movimento largo com os braços, como se fora um grande pássaro a sobrevoar as planícies. Inspirava todos a sorverem grandes quantidades de ar e exalarem ainda mais. Executava o barulhão da própria respiração e, dali a pouco, todos no dormitório, os que não estavam a comer, reproduziam o gesto e até sorriam, aliviados. O local passou a estar mais limpo e arejado desde que Joana cobriu o plantão noturno, embora o vento frio vindo do mar enregelasse as almas. Apesar de toda precariedade, os enfermeiros que vieram trabalhar na Assistência não foram mais embora.


Quem abriga, quem acolhe, quem define o cais


O fluxo, naquela ala do sanatório, foi notado por um psiquiatra novo, cujo foco de pesquisa eram práticas alternativas para frenar a degenerescência do cérebro, o Dr. Wong Lam.  Após o ultimo episódio de Madame, quando voltava certa calma ao setor, o médico fez sua primeira visita. Deparou-se com cinco enfermeiros a dobrar lençóis retirados de varais improvisados, um cheiro forte de sabão e creolina no ambiente. Perguntou sobre o enfermeiro chefe. Joana, empática de imediato, levou o médico até Maria. Feitas as apresentações, Wong Lam pediu para percorrer o espaço sozinho. Como causava boa impressão, ele pode passar entre os leitos das alas feminina e masculina, ler o prontuário de cada paciente, sem provocar mais que curiosidade dos que tinham um pouco de lucidez. Passou a mão amorosa sobre face da senhora sem um olho, parecia conhecer muito aquela dor. A mulher reagiu com o que poderia ser um sorriso. Gemeu como se pedisse que a soltassem das amarras. Wong Lam deu três tapinhas em seu ombro, em resposta. As idades dos pacientes, hipotéticas, variavam. Todos identificados como indigentes, por número e pelos sintomas, bem como dados clínicos gerais e ocorrência de surtos.


O caderno de Madame estava à vista, aberto sobre seu peito. A paciente dormia. O médico não resistiu e leu Nasce o som do encontro destas águas. A folha solta vinha assinada, A.D. Havia uma cadeira ao lado do leito. Wong Lam sentou-se e seguiu com a leitura. Já não era a primeira vez que lhe afrontavam a pretensa esquisitice. Amuado, esquivo, José Gaetano se apartava de todos, quase sempre com um caderno de notas na mão. Paneleiro, era assim que o chamavam no cais. Quando rompiam o silêncio que protegia o marujo, não raro sugeriam melhorias para a vida dele, cavalgar nas pradarias, aprender o rondó, tocar em bailes de aldeia, encontrar uma mulher com quem constituir família, dentre outras atividades sociais complacentes. O homem marinho ouvia tudo a sorrir, alguma vez com a promessa de que ia se emendar, por dentro a resmungar vão cuidar de suas vidas. Tão logo saíam do seu convívio, José Gaetano retomava o livro ou as anotações. Dessa forma se sentia livre. Entre os papéis, havia partituras de composições para voz e santur, também cartas náuticas, mapas estelares, compilações rúnicas, esboços - ele gostava de desenhar rostos e ilustrar historietas de fantasmas. Iam também os tais bilhetes que lhe chegavam, esporádicos. A tarde do seu encontro com o João d’Ávila, devidamente registrada em diário, vinha recheada por uma saraivada de autocríticas. Era platônico o idílio com Alois, causava-lhe pânico, dor, esmagamento. Era a interpretação que fizera de um aperto de mão.


Wong Lam tomou a decisão de passar a noite na Assistência. Fez auscultas, deu receitas. Fez um levantamento do que faltava emergencialmente na ala. Formou para si um quadro provisório da situação. Os procedimentos utilizados pelos enfermeiros eram exemplares. Embora sobrecarregados, mostravam-se sempre dispostos. Trabalhavam com excelência, sem supervisão. O mesmo não ocorria nas demais alas do hospital. Não era possível compreender, de pronto, por que tanto descaso com aquela ala. 


O doutor enquadrou três tipos de enfermidades disseminadas naquelas dependências. Ali, sobejavam pobreza, depressão e senilidade. Descartou tuberculose, hanseníase e sífilis. Wong Lam permaneceu no dormitório de Madame, atento aos escritos da paciente. O material suspirava probabilidades. Recém admitido nos quadros do sanatório, afeito a inovações, o médico viu naquelas anotações um esboço de estado mental. Um paciente, nas condições daquela mulher, a ofertar perceptibilidade, por escrito. A confiar, em palavras, suas obsessões. Eis um caso provocativo para a psiquiatria, para a geriatria, para as humanidades. 


Madrugada. Wong Lam aceitou uma xícara de café que Joana lhe trouxe. Caderno ao colo, olhou o entorno. Um grupo focal com o qual trabalhar. Atendentes obstinados em melhorar a qualidade de vida de uma ala condenada. Eles não sabiam disso. Nas reuniões das quais o médico participara com a direção da casa, havia um interesse comum em deixar à própria sorte aqueles seres onerosos e inúteis. Os colegas haviam, inclusive, visitado uma gruta próxima, para lá os abandonar. Atilado por natureza, o cantonês viera olhar a situação em campo, a ver o que poderia fazer. Não quis repousar, como Joana sugeriu. Seguiu com a leitura.


Um parvo, um molengas, um lâmia, um vingador, um piazito velho e vulnerável, um irritadiço, birrento, maçador. Um como que prosélito, consistente talvez, em alguns trechos de sua personalidade. Da confabulação com João D’Ávila, simples emissário, regada a comportamento truanesco mal contido, José Gaetano saiu excitado, raivoso. Interessantes xingamentos de si para si verteu, com língua de fogo. O marujo queria ler de uma vez as notícias do Donis, mão nebulosa sobre o punhal. Só esperava a declaração. Porém, o papel não trazia notícias, nada. Apenas arremedos de versos, sem simbologia outra que o rio, o encontro de rios e a chegada ao mar. Nada, fato algum, suspense, manipulação, mentira, gesto, entrelinhas, nada. Mal sabia o comandante, vinha sendo cuidadosamente liberado pelas autoridades celestes. O que mantinha acesa a lamparina do atoleimado na Terra? Que tipo de gozo era este que alimentava José Gaetano? Uma subjugação por ideias sem alinhavo. Um ou dois encontros reticentes, qual carinho? Cisma, disse um. Capricho, outro. Um enlevo delirante, de quem viera desenganado à jornada. Um vício. José Gaetano carecia tratamento médico. Fuga do compromisso real com a vida? Qual compromisso real? Alguém perdera sua ficha em um escaninho? Seus documentos de admissão à escola da Terra foram adulterados? Algo a ver com poesia? Quem daria importância a poesia em casos assim?


Gaspare, o primeiro atendente a trocar ideias com o doutor, falou-lhe sobre o que sentia por Madame e seu caderno. Confiou em Wong Lam ao primeiro olhar. Nem imaginava que aquele homem, diferente dos demais profissionais que perambulavam pelo sanatório – parecia um buda – daria atenção a ele, seria mentor. O enfermeiro falou ao superior sobre seu artigo empacado, sobre as duas outras pacientes que integravam o estudo de caso. Wong Lam dispensou-lhe máxima cordialidade, quis maiores detalhes sobre o funcionamento da ala, sobre os casos, sobre o corpo de atendentes. Caminharam pelos corredores, entraram nos demais dormitórios e espaços comuns. Gaspare foi bastante sincero, expôs suas limitações. O doutor afeiçoou-se de imediato ao rapaz. 


Os fantasmas de corredor se reúnem para valsar


Madame escreveu um pouco mais, na manhã em que identificou aquele novo visitante, de olhos amendoados. Foi contando que a disposição dos cômodos das casas deixava José Gaetano pensativo. As portas, voltadas para o mesmo corredor - quase sempre escuro -, quase sempre fechadas, todas. Um corredor era dormitório de espectros, às vezes vários para cada fechadura, a espiar os segredos de alcova e tramar, enquanto aguardavam novas consternações e brechas. Toda vez que atravessava um corredor desses José, à maneira de alma penada, tentava adivinhar qual daquelas passagens o enviaria a outro domínio, onde encontraria a si mesmo, com outro corpo e feições. Essa fantasia o assombrava. Não é que estivesse desdenhando seu rosto, menos a voz e a destreza de seus dedos. Seu organismo parecia que não o vestia, não o contentava. Sonhava, em especial, outras pernas e pés, mais fortes, ágeis. Embora José caminhasse, como qualquer outro, não suportava mais de dois quarteirões sem resfolegar e ter vontade de sentar-se. Era assim também o seu caráter, manquitola. Se pudesse, o marujo instalaria asas nos pés, a maneira de Ícaro, ou Mercúrio. O ofício de marinheiro exigia outros movimentos além do passo. Para esses, também José Gaetano se revelava desajeitado; braços curtos, pouco torneados, embora o constante esforço com amarras e velames. 


Fora menino um tanto obeso o José. Chorava facilmente, por qualquer pressão exercida sobre ele. Hoje se perguntaria, sem delongas: quem conhece uma criança, dos começos até a adolescência, a quem não lhe tenham puxado o cabelo, batido na face, traseiro, beliscado, sacudido, gritado, aterrorizado, atirado um chinelo, marcado a vara de marmelo, cinto? Em especial, xingado diante de outros adultos? Trancado em quarto escuro? Qual não foi fulminada por olhar materno? E depois? Quando é que uma criança foi considerada alma? A saber, são válidas as ações das autoridades, José o reconhecia. Para domar os jovens, esses bichos exóticos, punição. Senão tornavam-se, quem sabe covardes, sem crédito próprio. Era preciso torce-los, como aos pepinos. Alguns, contudo, passavam pelo buraco da fechadura mesmo assim. Seguiam jornada e chegavam a chefes de fragata. Às vezes, davam com corredores mofados, tornavam-se poetas.


José Gaetano, enquanto viveu na quinta com a mãe, mergulhou no trabalho da cata de ovos, ordenha e amontoar o feno, suprir a manjedoura. Meticuloso, o menino recebia ensaboadelas ásperas dos cuidadores eventuais. Um instante e se verá que o garoto tinha, de fato, grande resistência ao perigo. Parecia oscilar em ponte pênsil. Preguiçoso, mártir, sujo, encruado e cínico, sirigaita, termos que José Gaetano ouviu na meninice e cujo significado só foi registrar muitos quarenta anos depois. Nem por isso, pelas ofensas, castigos ou ausência de diligência, o menino se tornou um homem boçal. Temia sê-lo, contudo. Acabava atraindo pessoas que o ridicularizavam. Só enquanto não lhe ouviam a voz, ou por isso. Depois de uma noite a cantar, José Gaetano plantava uma aura de delicadeza no entorno. Ele sofria assédio, gente a vampirizar, ou qualquer dessas coisas que impelem as pessoas a raiarem a própria vaidade. Não sabia lidar com palcos, exposições, ficava ansioso. Temia a soberba.


O Dr. Wong Lam concluiu a leitura dos cadernos de Madame por volta das três da manhã de outro dia. Não elaborou hipóteses. Eram cadernos de notas. Poderia ser um gato de pelúcia esfarrapado, uma coisa qualquer, um fetiche. Uma companhia. Aquela poderia ser história de alguém querido, idealizado ou real. Como ter certeza? Interessante descrição, um caráter oral com cobertura masoquista, foi o que o doutor deixou no ar, para despertar a curiosidade de Gaspare, horas mais tarde. Que o atendente pensasse em macacos nus[2]. Wong Lam decidiu, naquele novo alvorecer, reunir-se com a equipe da Assistência. Trabalharia na posição de colaborador periférico dali em diante. Metódico, inteligente, o doutor não apartaria o grupo de suas atividades, tampouco interferiria em sua gestão, aquela harmoniosa comunidade de prática[3]. O médico precisava de um pouco de sono antes de iniciar as tarefas. Pediu à enfermeira de plantão para reunir a todos. Deitou-se em um divã na sala dos atendentes, de sapatos e óculos, estes gentilmente guardados por Joana, quando o encontrou adormecido. A moça o cobriu com uma manta limpa. Wong Lam sonhou colorido, um corredor amarelo caramelo, repleto de portas cinza, olhos cintilando em todas as fechaduras. 


Pouco antes da oito da manhã, o doutor fez a ronda, em companhia dos enfermeiros. Wong Lam havia nadado nas ondas, praticara exercícios físicos. Ainda teve tempo de reler mais alguns trechos do caderno de Madame, antes de fazer a preleção.



[1] Doenças sexualmente transmissíveis.

[2] Referência ao clássico O macaco nu, de Desmond Morris

[3] Referência ao trabalho de Etienne Wenger

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