A cidade e o fenômeno




Hoje, os pensamentos são frutos de olhar a cidade:

Vamos, observar o mundo pela manhã! Com os olhos cheios de esperança, enquanto o amor não se transfigura, para enfim abarcar a todos os seres. Vamos! Observar o voo dos pássaros. Lembrar que eles são incansáveis trabalhadores. 
Vamos! Aceitar o trabalho de perceber quantos desesperados se acostam pelas ruas. São adversários, emissários. Eles se acomodam em postes, falando sozinhos, sob toldos de ônibus, tão bêbados, drogados, em estado lamentável, optando pelo não a regras, criando seus próprios engôdos, fantasmas, destinos, dívidas, quitações, desafios.Todas, palavras para atirar ao mar. A cidade lembra a todos: somos seus irmãos, seus filhos, seus pais! Estamos perdidos em ignorância, em apatia, em preguiça, rebeldia e o que mais nessa saga riquíssima de ser humano. Somos - esses que vão pelas ruas, donos de bons envoltórios, donos do próprio nariz. Temos pernas, braços, olhos, ouvidos, cheiro; tudo aparentemente presente e operante. Porém, desprezamos a vida e a nós mesmos. Zombamos de tudo. Olhem por nós, podem até propor alguns. A maioria dorme em pé.  Outros olham o pássaro, que voa. Outros, não sei. Vamos! Olhar a luz se infiltrando nesta paisagem de voleios, nesta luz que sopra a primavera, que aquece os cantos obscurecidos, que desata nós, que deslinda a tragédia, que demanda o desenlace do drama, que nos ajuda a cantar mais uma vez.



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