abril das virtudes


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O fundo do oceano. 
O oceano íntimo. 
Já não temo o meu.

Eu te escuto, Alberto
nas noites de domingo.
E tu falas algo de mim
de minhas limitações
de meu corpo e espírito cindidos.
Eu te escuto, Alberto,
nas noites de segunda-feira.
E tu falas algo de ti
de tuas asserções
de teu corpo e espírito sadios.
E só olhar meu corpo.
E só olhar teu corpo.
Penso no mar
Ao te escutar
Nas noites de terça-feira,
Penso nas distâncias
naquilo que não pode ser
por determinação
por decreto
porque não pode ser.
Penso logo no mar
Quando te escuto às quartas-feiras, Alberto
nas marés
lunares todas
dessas luas labiais
que surgem no céu vez por outra.
Às quintas-feiras, escuto tua voz a cantar
aquilo que é
e que é
e que será.
Às sextas-feira, tua poesia me dá amor, Alberto.
Penso no amor.
Na recusa do amor.
Na dádiva do amor.
Quem será que foi imensamente amado nessa vida, Alberto?
Quem será que foi amado à fartura, a ponto de não mais poder?
Quem é que já viveu um terremoto de amor?
Um tsunami de amor?
Uma avalanche de amor?
Aos sábados, quanto te escuto, Alberto
Retomo meu caráter
retrato meu ser multifacetado, faminto.
Se eu pudesse, eu não largaria mais tua mão.
Por sorte és generoso, e ofereces tua voz
em palavras
reiteradas
e vem com elas um bocado de florais,
para que eu possa, enfim,
intuir em mais um domingo de escuta
na resinificação do conflito.



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