o novelo ou a passagem das horas


                                                      tela de Inha Bastos


Agressividade, tristeza, medo, alegria
Emaranhados.
O gato faz trégua.
Joga o novelo de um lado a outro
Onde o possa alcançar,
Deitado sobre o tapete.
O fio de versos, descabelado,
Ronrona ao gato
Gratidão e capricho.
Espelho.
O comportamento? É de encolher os ombros.
O novelo tem as mãos vazias.
Que esperam, gato e fio?
Outro aforismo,
A tríplice entente
Um concílio.
As condutas sociais ao sabor das patas.
Um calor antigo, íntimo.
Atenção.
Calados nas artes, fio e lauda.
Nada impede,
Construir pequenas manufaturas artísticas
Poucos minutos,
Incipientes que sejam,
Uma cena verde...
O gesto, ainda tosco, consente usar mais um tubo de tinta azul.

Alguém sequestra a psique de alguém.
Os humanos são loucos.
Hades e Perséfone.
Na meada, tarôs se confundem.
Quantas almas aflitas
A ocupar o tempo
Com a memória
Dos gatos e suas doçuras.
Verdes, amarelos, um caramelo sujo.
A pata direita move-se como pétala
Milênios expressivos.
Agressividade, tristeza, medo, alegria
Emaranhados.
O gato se levanta
E vai tomar sol.




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