em mês de vulcões, tufões e jubas
Canto os meus versos longe do mar
Respiro a fina aurora que descalça o chinelo na manhã agostina
A claridade branda convida a abrir os braços e então apertar o gato
Vozes eloquentes atravessam a parede ao lado
O condomínio já anuncia os autos a esquentar motor
São seis, seis e quinze, o cheiro de café não vem porque não o passei
Entoo resmungado o acalanto que gravei na madrugada
Rezo o Pai Nosso igualmente gravado e o amaranto do ilê ayê
O dia responde com um raio de sol esmerilhado na cortina
Soa, longe, um pássaro novo, sabiá ainda tarda a cantar
A memória teima em disparar negativos da casa de Orione
E o que posso dizer, em verso, sobre a Guernica que vivi
A vida é um emaranhado de ocasos e despertares
Fala conosco lá em língua atávica e nós, que nos entendamos cá
Longe do mar eu sei nada de línguas e viveres em viveiro...
Os amigos poetas, já do outro lado sussurram, amigáveis
Rugas no tecido de um casaco velho avisam que não me visto bem quando em casa
De que refúgio, Deus dos desgraçados, posso tirar o consolo desta hora? Do canto.
A cerimônia da moça ressoa, afastada, à beira do Solimões. Eu daqui, canto.
Lembro os olhos enviesados dele, de cócoras entre a loucura e a dor. E do roda pião.
A lógica do mundo me escapa, mas para que entender a lógica do mundo?
Rainer Maria, a solidão ergue-se do meu mar longínquo
Apesar da tua presença nestas horas ambíguas.
Nua, a solidão vai com os rios... cravos e rosa e a flor da laranjeira...
Já sei que agosto desliza sobre as horas que se bastam , o amor virá um dia.
É tempo de crédito, amigo.
Impossível constelar os rostos da tarde que deixou julho para trás, já passou, canta o vento...
Retomo o confuso matizar dos versos.
Arrítmicos, insólitos. E canto.
8 de agosto
Respiro a fina aurora que descalça o chinelo na manhã agostina
A claridade branda convida a abrir os braços e então apertar o gato
Vozes eloquentes atravessam a parede ao lado
O condomínio já anuncia os autos a esquentar motor
São seis, seis e quinze, o cheiro de café não vem porque não o passei
Entoo resmungado o acalanto que gravei na madrugada
Rezo o Pai Nosso igualmente gravado e o amaranto do ilê ayê
O dia responde com um raio de sol esmerilhado na cortina
Soa, longe, um pássaro novo, sabiá ainda tarda a cantar
A memória teima em disparar negativos da casa de Orione
E o que posso dizer, em verso, sobre a Guernica que vivi
A vida é um emaranhado de ocasos e despertares
Fala conosco lá em língua atávica e nós, que nos entendamos cá
Longe do mar eu sei nada de línguas e viveres em viveiro...
Os amigos poetas, já do outro lado sussurram, amigáveis
Rugas no tecido de um casaco velho avisam que não me visto bem quando em casa
De que refúgio, Deus dos desgraçados, posso tirar o consolo desta hora? Do canto.
A cerimônia da moça ressoa, afastada, à beira do Solimões. Eu daqui, canto.
Lembro os olhos enviesados dele, de cócoras entre a loucura e a dor. E do roda pião.
A lógica do mundo me escapa, mas para que entender a lógica do mundo?
Rainer Maria, a solidão ergue-se do meu mar longínquo
Apesar da tua presença nestas horas ambíguas.
Nua, a solidão vai com os rios... cravos e rosa e a flor da laranjeira...
Já sei que agosto desliza sobre as horas que se bastam , o amor virá um dia.
É tempo de crédito, amigo.
Impossível constelar os rostos da tarde que deixou julho para trás, já passou, canta o vento...
Retomo o confuso matizar dos versos.
Arrítmicos, insólitos. E canto.
8 de agosto
A manhã ia, mais que a meio
Cálida, acesa.
O quieto em mim perdeu-se
Entre os pinos lenhosos
Não para danar-se em barulho de
estrada
Mas para achar-se no voo lento
Do pássaro sem nome
Ouvi histórias que quis nela
A manhã airosa
Senti, talvez, o que não quisera
Coisas pequenas de a ela colher
Atavismos de uma vida toda
A cismar
A manhã, que deixou uma ponta de
estrela
O canto mavioso do anjo guardião
A cerda áspera da bucha de lavar roupa
O encanto
Acalanto inquiridor
Pousou-me tua mão em meu cabelo
maltratado
O espanto ainda é tanto, nobre amigo
A solidão, fácil de sorver nesse
paraíso
14 de agosto
A tarde, ah, a tarde...
14 de agosto
A tarde, ah, a tarde...
Vozes cheias de história cantando na tarde
E a tarde foi-se, aninhando, anil, índigo, cinza-róseo
Debaixo das asas do meu peito, estranho folguedo
O epicentro de todo fulgor, furor, a gênese de um amor em
flor
Pelejamos a encontrar a segunda voz
Até cantamos uns meneios de modinhas antigas
Rasqueados, digo, ponteados de guitarras ingênuas
As de mãos de moças
Instante fugaz, que vai como vão os dias, ditosos
Sem mais para o momento, cingimos o lenço
O orvalho já espreguiçava no jasmim, ou seria alecrim...
19 de agosto
19 de agosto
Música da alma
A marcha acalenta as sedas,
(Remanso sobre o tapete da capela)
Canta a sombra projetada nos vitrais
Há sete saias de organdi no vestido
Anéis de cabelo caprichoso se esquivam do véu
Nos braços uma fieira de orquídeas
Uma profusão
Parece um encantamento cigano
Cinto de pérolas violáceas
Imorredouro sonho
Aquele que já não dá
Lugar de olhos secos
21 de agosto
O dia de desbravar o mundo
Nua, nena, néctar.
O dia de abrir os olhos e encontrar os de minha mãe.
Dia frio, de fitas, de flandres.
E eu, bardo de fragata alienígena
Umedeci meus lábios e suguei seu leite
Mãe, o nosso contato...
Lento e doloroso encontro, de codornas caídas do ninho...
A claridade da tarde, opaca e macilenta
Criou-nos fronteiras intransponíveis
O dia de entender a raridade da vida...
31 de agosto
Súbita inspiração entrecortada
21 de agosto
O dia de desbravar o mundo
Nua, nena, néctar.
O dia de abrir os olhos e encontrar os de minha mãe.
Dia frio, de fitas, de flandres.
E eu, bardo de fragata alienígena
Umedeci meus lábios e suguei seu leite
Mãe, o nosso contato...
Lento e doloroso encontro, de codornas caídas do ninho...
A claridade da tarde, opaca e macilenta
Criou-nos fronteiras intransponíveis
O dia de entender a raridade da vida...
31 de agosto
Súbita inspiração entrecortada
Um silêncio no peito, quente.
Razão veloz, impingindo coordenadas.
Pausa para um tanto de nada.
Respirei o azul
E entrei no carro, trabalhar era preciso.
Sopro, brisa, vento, canto, a luz fosforescente da tarde,
A hipótese da morte, a força da morte, a certeza da morte...
E Maria ia comigo, como veio,
Responsório de Seu acalanto em meu ouvido,
Entoar das contas de Seu manto,
Ninando meu coração pesado.
A tarde me trouxe um sutil encanto.
Súbita inspiração airosa
Cheia de missão e cal.
E eu os guardei a todos, amados ares, no fundo de um armário
Refrega de um acalanto por cantar.
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