Outubro chega, pelas mãos de Santa Teresinha e São Francisco de Assis
1 de outubro
Olho os anelos de pedraria a cantar
Um móbile, jornada atenta, carinhos do vento
Tanta vida vivida, o claustro, o caramanchão.
Umbralinos se acotovelam, ânsia de Luz.
Beira-baixa, Mouraria, há tempos dormem em mim.
Resta, ainda, a oportunidade do encontro.
O amor. Deixa-me entrar.
7 de outubro
Os tempos estão ganhos.
Os tempos são estranhos.
Os tempos são outros.
Os tempos estão passando.
Os tempos, os tempos.
Nos encontramos por esses tempos.
Houve dinamite por esses tempos.
Os tempos estão mudados.
Os tempos são irônicos.
Os tempos são outros.
Os tempos estão virados.
Os tempos, o tempo.
Cronos soprou o mote
e saiu a galope pelo tempo
tempo afora
deixou um rastro de gelo
no caminho do tempo
Pedi-lhe tempo de ler
este arremedo de tempo
mas qual,
olha a cabeleira dele
a badalar o tempo
no tempo de eu dizer
Ei tempo, dá tempo?
8 de outubro
Quando escrevemos, cuidamos. Muito.
Tanto que muitos se recusam a ler.
Quando cantamos, cuidamos. Demais.
Tanto que muitos se recusam a escutar.
E por que não cuidamos quando falamos?
Por que tampouco escutam o que dizemos?
Nem do som, nem do conteúdo, nem da malha emocional,
observo o mundo a falar e falar e falar,
feito metralhadora, que mata, aniquila, exclui, devassa.
Silêncio, mais um anjo acaba de morrer.
10 de outubro
Eu te toquei no gesto do desejo
eu te pus a mão no ombro
se era saudade,
ou terna melancolia
era teu ombro
sob minha palma
E eu, que espero tanto
pela mão que me toque o meu
sorri
estava satisfeita
12 de outubro
Verso, verso, belo verso
foi buscar o meu menino
do sorriso mais bonito
Verso, verso, belo verso
deu saudade do menino
na manhã que vem surgindo
Verso, verso, belo verso
tudo está predestinado
neste mote desvairado
canção terna sem desfecho
Mesmo que a rima se canse
E o contrato se quebre
tens aqui o meu motivo
Verso, verso, belo verso
verde-amar o meu menino
7 de outubro
Os tempos estão ganhos.
Os tempos são estranhos.
Os tempos são outros.
Os tempos estão passando.
Os tempos, os tempos.
Nos encontramos por esses tempos.
Houve dinamite por esses tempos.
Os tempos estão mudados.
Os tempos são irônicos.
Os tempos são outros.
Os tempos estão virados.
Os tempos, o tempo.
Cronos soprou o mote
e saiu a galope pelo tempo
tempo afora
deixou um rastro de gelo
no caminho do tempo
Pedi-lhe tempo de ler
este arremedo de tempo
mas qual,
olha a cabeleira dele
a badalar o tempo
no tempo de eu dizer
Ei tempo, dá tempo?
8 de outubro
Quando escrevemos, cuidamos. Muito.
Tanto que muitos se recusam a ler.
Quando cantamos, cuidamos. Demais.
Tanto que muitos se recusam a escutar.
E por que não cuidamos quando falamos?
Por que tampouco escutam o que dizemos?
Nem do som, nem do conteúdo, nem da malha emocional,
observo o mundo a falar e falar e falar,
feito metralhadora, que mata, aniquila, exclui, devassa.
Silêncio, mais um anjo acaba de morrer.
10 de outubro
Eu te toquei no gesto do desejo
eu te pus a mão no ombro
se era saudade,
ou terna melancolia
era teu ombro
sob minha palma
E eu, que espero tanto
pela mão que me toque o meu
sorri
estava satisfeita
12 de outubro
Verso, verso, belo verso
foi buscar o meu menino
do sorriso mais bonito
Verso, verso, belo verso
deu saudade do menino
na manhã que vem surgindo
Verso, verso, belo verso
tudo está predestinado
neste mote desvairado
canção terna sem desfecho
Mesmo que a rima se canse
E o contrato se quebre
tens aqui o meu motivo
Verso, verso, belo verso
verde-amar o meu menino
Hoje tem um sol de Rio Araguaia lá fora
E aqui dentro não tem rede
Quem balança é a cortina
Viva Nossa Senhora de toda gente
Hoje tem balão no céu
Romaria, tem rojão
Tem uma preguiça de rima
E um aluvião de sensações
Hoje tem todos os vagabundos do mundo
E também os que não prestam
Tem uma melancolia açucarada
De pegar na mão
Hoje tem um sol de Rio Araguaia lá fora
Um rio que eu li quando criança
No colo quente de José Mauro de Vasconcelos
Soube que em Curitiba
As pessoas sacam livros nos pontos de ônibus
E os devolvem! depois de ler
Quase que pensei em arrumar
100 papeletas de poesia
E fincar nas prateleiras-tubo
A ver se embalo algum desconsolado
Em tarde solar
É que hoje todos deram de se vestir de sol
Ficar bonitos pra Maria, mãe do Cristo
Viva Nossa Senhora, mãe de toda gente
Viva o povo do Brasil
15 de outubro
Eu te digo meu amor
(porque é assim meu o amor)
e eu te daria,
as minhas preces
os meus cantos
os meus mais profundos
sentires de amor
se assim fosse
e a vida é assim
um querer de lições
e pesares
cruzamos nosso olhar
o meu a beira
o teu o aguadouro
e seguimos o curso
até que a vida nos diga
que é hora de partir
Eu te digo, meu amor,
estou aqui
Alain escreveu: “Este amante desprezado, que se contorce sobre a cama em vez de dormir e que medita sobre vinganças terríveis. O que sobraria da sua ferida se ele não pensasse mais sobre o passado e sobre o futuro? Este ambicioso, ferido no coração por um fracasso, onde procurará ele sua dor, senão em um passado que ressuscita e em um futuro que inventa?”
17 de outubro 19 de outubro
Ciranda Curitibana outubro correu menos?
“E quando o mar cirandeia ou foi meu coração quem parou mais
Eu cirandeio na areia
Eu cirandeio no mar”
15 de outubro
Eu te digo meu amor
(porque é assim meu o amor)
e eu te daria,
as minhas preces
os meus cantos
os meus mais profundos
sentires de amor
se assim fosse
e a vida é assim
um querer de lições
e pesares
cruzamos nosso olhar
o meu a beira
o teu o aguadouro
e seguimos o curso
até que a vida nos diga
que é hora de partir
Eu te digo, meu amor,
estou aqui
Alain escreveu: “Este amante desprezado, que se contorce sobre a cama em vez de dormir e que medita sobre vinganças terríveis. O que sobraria da sua ferida se ele não pensasse mais sobre o passado e sobre o futuro? Este ambicioso, ferido no coração por um fracasso, onde procurará ele sua dor, senão em um passado que ressuscita e em um futuro que inventa?”
17 de outubro 19 de outubro
Ciranda Curitibana outubro correu menos?
“E quando o mar cirandeia ou foi meu coração quem parou mais
Eu cirandeio na areia
Eu cirandeio no mar”
Ó mar que a brisa balança
Traz-me a chuva de estrelas
Pros fios do meu peito
Dos galhos de flores do céu
Ó mar que brisa balança
Traz-me a noite dos andores
Pros amores do meu peito
Dos raios de vida dos céus
Ó mar que a brisa balança
Traz-me a ciranda da lua
Pros cortes em meu peito
Dos ventos de fogo dos céus
Ó mar que a brisa balança
Traz-me enfim a boa trova
Pros fluidos do meu peito
Dos braços das nuvens do céu
“The Outlet (162)” by Emily Dickinson
My river runs to thee;
Blue sea, wilt welcome me?
My river waits reply.
Oh sea, look graciously!
I’ll fetch thee brooks
From spotted nooks,--
Say, sea, take me!
Tradução possível:
Te vejo, ó tecido fino
Sereno, sereno caiado de azul
Nas voltas do meu canto
Eu já não me espanto
Não cabe, não cessa, não passa
Sereno, sereno caiado de azul
Traz-me a chuva de estrelas
Pros fios do meu peito
Dos galhos de flores do céu
Ó mar que brisa balança
Traz-me a noite dos andores
Pros amores do meu peito
Dos raios de vida dos céus
Ó mar que a brisa balança
Traz-me a ciranda da lua
Pros cortes em meu peito
Dos ventos de fogo dos céus
Ó mar que a brisa balança
Traz-me enfim a boa trova
Pros fluidos do meu peito
Dos braços das nuvens do céu
“The Outlet (162)” by Emily Dickinson
My river runs to thee;
Blue sea, wilt welcome me?
My river waits reply.
Oh sea, look graciously!
I’ll fetch thee brooks
From spotted nooks,--
Say, sea, take me!
Tradução possível:
Meu rio corre para ti;
Mar azul , hás de me receber ?
Meu rio aguarda resposta.
Oh mar , olha graciosamente !
Vou trazer-te ribeiros
De recantos suspeitos, -
Diga , mar , me leve !
20 de outubro Ah, canção da alma. Eu te dei os lírios de palma da minha ilusão Eu te alimentei de sonhos pagãos e emoções fortuitas Eu te entreguei sem medida a tantas capelas sem luz Ah, canção da alma perdoa-me Se te fiz capim de várzea e refúgio de judiação Tudo é flor, alma e tua canção ressoa no espaço cálida intacta fértil Ei de te enviar os votos ó alma de canção tão terna Obrigada por não se perder de mim
29 de outubro
Pela fechadura da portaTe vejo, ó tecido fino
Sereno, sereno caiado de azul
Nas voltas do meu canto
Eu já não me espanto
Não cabe, não cessa, não passa
Sereno, sereno caiado de azul
Pela fechadura da porta
Eu já não descanso
Não veste, não fecha, não orna
Sereno, sereno caiado de azul
A felicidade pousa aqui
Nas filigranas da canção
Sereno, sereno, caiado de azul
30 de outubro
Minha Nena saiu para os confins
31 de outubro
Minha Nena não voltou
Eu já não descanso
Não veste, não fecha, não orna
Sereno, sereno caiado de azul
A felicidade pousa aqui
Nas filigranas da canção
Sereno, sereno, caiado de azul
30 de outubro
Minha Nena saiu para os confins
31 de outubro
Minha Nena não voltou
e veja que eu tenho que te escrever
minha companheirinha frajola
onde será que você foi?
você nem tomou teu café da manhã,
teus brinquedinhos tão esparramados ainda
a meia você me devolveu...
misturo assim, sem graça
o seu e o teu
pois que chorar nem vou poder
madrinha avisou...
não tinha como te deixar presa
já que não gosto de passarim em gaiola
imagina gato cativo...
triste é que ri, na tarde que descia descalça
de uma brincadeira de amigo com tua gente...
onde, Deus meu, você foi em dia de bruxas?
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