Reflexoes pos abertura dos trabalhos, que podem auxiliar a mais grupos, quem sabe...

De ontem, varias coisas ainda me passam pela cabeça, dentre elas a importância dos músicos que nos acompanham. Não e que não pudéssemos realizar musica a vozes sem eles, mas seria praticamente inviável, uma vez que nos faltam construções harmônicas raciocinadas (quem viu ontem os músicos chegando as 17h, carregados de equipos, ensaiando comigo, tocando tema de improviso, depois estudando a estrutura de um único acorde, usando termos engraçados como tônica, quinto grau, do sustenido, re bemol, qual a ordem das notas no acorde, qual nota esta no baixo, dentre outras perguntas e duvidas...)... enfim, gostaria de dizer que sim, um cantor DEVE estudar um instrumento musical, pode ser melódico como um trompete, ou flauta, mas e o instrumento harmônico (teclado, violão) que lhe possibilitara visualizar o trabalho de sobreposição e combinação que fazemos quando cantamos juntos. Cantores de abastada IES da cidade, por exemplo, são escolhidos a dedo, os mais precisos, para que o trabalho se desenvolva em no máximo dois meses. Eles possuem quatro professores de canto, um por naipe, fora maestro e o pianista, arquivista, sala excelente para ensaios, ambiente sossegado e de boa acústica, onde só o grupo transita, estacionamento próprio, banheiro próprio, secretaria, chefe de setor (pelo menos era assim quando sai de lá...) e recebem, todos os meses, a razão de um salario mínimo (era esse o valor) pagos pela IES, dois ensaios semanais de três horas cada um, fora os extras, em finais de semana e as apresentações (mesmo numero que nos, mais compromissos dentro da IES, com o agravante deles terem um espetacular teatro, com equipos de ponta para entrar e sair com facilidade... as vezes tocavam juntos coro e orquestra da IES, cada grupo com seu regente e estrutura, todos remunerados, os músicos recebendo cache por ensaio e por apresentação, contratados, quase sem faltas ou muxoxos dos cantores, porque saia da linha estava fora, difícil aguentar a pressão)... ontem recebemos de chefe de nossa IES o cache de um musico pela segunda vez, espontaneamente. Ele tirou o dinheiro da própria bolsa... e eu disse, ja entrando em meu carro, com pesar, que cantor não ganhava nada, com se para cantor cache fosse supérfluo... entendam que foi magoada que disse isso... toco mal um instrumento harmônico, o suficiente para compor canções, não tenho coragem de acompanhar meu canto quando em publico...não quis impor a situação, ate tentei, mas não toquei o coracao da promoter de ontem a contento, Gilson. A razão pela qual queria ter feito Al otro lado del rio era despertar os ouvidos para algo que os dirigentes não conhecem, vozes acompanhadas pelo violão, e então contratar meus dois assistentes... ainda nos tratam como aqueles seres que fazem barulho na IES, a quem se deva restringir o repertorio, por ser provido de alarido, por ser inadequado... ainda veriam com melhores olhos sessenta cantores (desses sessenta em geral uns trinta e cinco cantam lhufas, ancoram-se uns aos outros...), e ouviriam com ouvidos moucos oratórios, cantatas e missas de séculos, só para sentirem-se melhor em sua busca cultural que não comporta pratica musical - fazer musica, tocar, cantar - em sua lide cotidiana... bem senhores, não sei se pude chegar ao ponto neste post. Que tenho esperanças de que possamos nos dar, a nos primeiro, a satisfação de fazer musica de boa qualidade e cantar mais vezes como o fizemos ontem (em especial na passagem de som, depois o publico provocou perturbações...). Para merecermos, todos nos, a remuneração e reconhecimento necessários, não para nos vangloriarmos ou alimentarmos nossa imagem, mas para podermos ter vida digna, como outros profissionais liberais tem, FAZENDO musica. Ah, coloquei, de forma técnica, estas divagações no relatório institucional que entrego a nossa pasta todos os semestres. Mais uma vez reportei-me ao filme Biutiful, as formas pelas quais o protagonista ganha dinheiro. Fabiane, Lucius, Vicente, se ainda não o fizeram, assistam a este filme. Quem quiser que conte outra. Abraços.

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