Os filhos




Os filhos que somem,
Santo Antonio,
Os filhos que somem...
Há um cadastro nacional
De carros roubados
E não há conta de gente
Desaparecida.
Três mil e trezentas crianças
Somem todos os meses,
Para usar números
De jornal antigo.
As mães choram,
Sem saber se levam flores
A um túmulo indigente
Ou acendem vela no altar.
Aqueci para Ti a lamparina
E soprei o grande caramujo
Porque Tu és a voz de Deus
E podes ouvir-nos                                      
E orar por nós
Em tua bancada
De leis imutáveis.
Não sei o que são leis imutáveis
Ou se existem.
Posso observar o fundamento delas
Nas estações, no brilho dos astros.
Santo Antonio, não sei dizer
Qual a minha orientação,
em que time estou.
Terror e esperança se abraçam.
E a notícia nunca e sempre chega.
É melhor que a morte vida chegue,
Sim,
sem que cantemos loas ao suicídio,
e para este assunto que leiamos Yvonne Pereira.
O fim imutável se desvenda
E entendemos
Finalmente,
O axioma.
A morte é a musa das horas.

* um esboço do que gostaria de contar a Amely
sobre o nosso mundo...

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