Militância

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Estive pesquisando o significado da palavra fálua, que ouvi na voz de Teresa Salgueiro.
Procuro contextualizar o sinônimo de embarcação na crônica desta sexta-feira.
Sou, a partir de agora, militante de última hora, hipertensa, voz hipertônica, estados depressivos nas rondas noturnas, nova leitora casual de "Morangos mofados".
Eu, que sentia o furor desta lealdade intrìnseca à militância lá para os idos de 1981, quando jovens como eu e eu, enamorada de um poeta, dizíamos versos engajados na escada que levava à sala dos professores improvisada da FEMP - deve estar lá ainda, o prédio da Rua Paula Gomes resiste -  hoje empresto meu nome para ser votado na formação de um grande conselho. Vão organizar a UNESPAR.
Eu, militante? Sem causa?
Eu, que não aprecio filiações, sectarismos, indulgências, lobs, jogatina, autoridades, departamentos, sucursais, militante?
Eu, que não li Beauvoir, que me dei conta há pouco de Hanna Arendt, que estudei poucos escritos de Suzanne Langer, de Margareth Mead, que não li a Microfísica do Poder, que apreciei Norberto Bobbio a distância, que não pude abraçar Robert Putnam nem estar nas fileiras de seu capital social, nem a Putnam  nem a Bourdieu. Eu, que gostaria de conhecer Antonio Nóvoa e viver em Lisboa, militante?
Sou mais uma voz no deserto, isto é que é. Uma andorinha só. Uma fálua de Istambul sem mar, gaivota a vocalizar pelos cafundós das calçadas com pedrinhas. 
"Senza parole". 
Sou eu, que venho observar pessoas subordinadas a arranjos sociais decadentes e leis que beneficiam a quem detém as divisas. Esta é a tônica do movimento mundial em 2011 que entendo. Os jornais trazem variações deste tema todos os dias, em várias edições e formatos.
Para analisar este fenômeno, ou borrões dele, torno-me militante. E deixo para mais tarde o projeto português.
De beleza medonha, mas beleza, o sistema e a militância inspiram o desenvolvimento brasileiro – e nem ouso dizer que é só o desenvolvimento econômico, apesar dos esforços de seus dirigentes. Tal beleza vampira estimula certamente o movimento do “celeiro portuário” paranaense. E faz erigir igualmente o arcabouço da cultura fapeana, da qual faço parte, então, desde 1981. 
Qual civilização caíra? Qual outra se erguerá sobre as cinzas da anterior? Por que militarei nestas condições?
Todos nós estamos envolvidos, bem como percebemos as contradições e injustiças do sistema capitalista. Isto é inevitável. Os fatos não permitem esquivar-se, não justificam medidas paliativas. Corrupção e falta de foco no que é essencial – a solidariedade e a tolerância - mantém a História em compasso de espera. Mantem mentes como a minha a mercê da militância.
Em reposta às ditas de um colega, também militante, eu escrevi que sou por uma gestão humana, em que se dê atenção às pessoas de carne e osso, e não às pessoas de papel da burocracia. E é bom que estas pessoas, de carne e osso, sejam leais às suas ações, sensações e pensamentos. Que ampliem os umbigos de seus interesses egoístas, que não dêem tanto vôo ao seu orgulho. Avisei também que sou das conversas olho no olho, pele na pele. E o faço pela voz, que canto. Esta é a minha bandeira, a minha posição. É a única razão que entendo para desejar participar de reuniões improdutivas. Espero poder colaborar com a comunidade UNESPAR dessa forma.
Disse ainda, em tom de comício, tais palavras de ordem:
Por uma ESCOLA VIVA, feita de gente de carne e osso, que age, pensa e sente com equilíbrio.
Nossa, que começo.
Segunda-feira vão por nossos nomes de militantes em votação.

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