A aula de música - Jan Vermeer - 1662


Iniciei um aprendizado de ouvir a música das pinturas ontem.
Uma moça, cujo futuro lhe brilha nos olhos como alvoradas incontáveis, aliou seus saberes de educar e criar e nos brindou com a análise de duas telas do holandês Johannes Jan Vermeer.
A Música (ou Pintura) ou cena cotidiana imortalizada por Vermeer, reflete uma época, um povo, uma cultura, uma história, uma organização social, um postulado religioso, tabus, suspense, mexericos, paixões, sexo, adultério. Valores estes questionáveis e em extinção hoje.
As telas nos dão a conhecer instrumentos musicais para mulheres, música como assunto de mulheres, parte do cotidiano, da educação, dos afazeres da mulher. E as "chaves interpretantes" representadas por cupidos retratados em quadros dentro da tela, os cellos encostados perto do virginal, a luz e sombra, a posição da janela, o sol da manhã vindo dela, as cores das cenas, tantos detalhes afáveis e significativos...
Tantas coisas passam a esboçar sentido a partir destas óticas. Abrem o tunel do tempo e permitem ver e ouvir as "malhas que o império tece"...
Abriu-se um bom caminho de reflexão para mim, que olho este tempo cheio de moços "grandões" e umas poucas moças cursando Licenciatura em Música. Mortos? Vivos? Inseguros? Equivocados? Talentosos? Promissores? Novas propostas de abordagem educacional para crianças?
Houve tempos em que professores eram moços e palmatórias.
O canadense MauriceTardif fez um corte transversal na conversa que a moça nos trouxe, lembrando aos presentes da plenária sobre condições de "bem formar-se" como licenciados - em Música.
Ser quatro profissionais numa profissão (talvez para baratear os custos de produção): educadores (de sala de aula), pesquisadores (eu nos vejo mais como estudiosos de nossos saberes, dedicados a re-aprender tais saberes todo tempo), artistas (dos que fazem arte) e administradores (gestores da Escola).
Isto sem contar com a missão de maternar, de aplicar a lei, de analisar personalidades e interegir socialmente. E dar a conhecer música e seu poder de cura.
Pensar o todo e pensar as partes: currículo, disciplinas, matérias, experiências e os componentes característicos de cada persona.
Talvez o sonho da moça, ao ler Vermeer para nós com tanta responsabilidade, sirva para trazer da morte jovens de dezesseis anos que perambulam pelas ruas em 2011.
Sirva para encontrar a trilha de Maurício de Nassau.
E o rumo de um pós doutoramento.
Que lindo...

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