Cantigas de Portugueses



É do Fernando Pessoa,
Um conterrâneo Teu
A quadra que segue,
E que me serve de glosa:
“Cantigas de portugueses
São como os barcos do mar
Vão de uma alma para outra
Com risco (s) de naufragar”
É madrugadinha em Ilhéus
As estrelas estão a valsar
As redes no fundo d’água
São teus olhos nas margens dos meus
O tempo vai de vento em popa
Carrega os andores de Deus
A luz que O segue é o coração
Pulsando bem longe dos breus
A fé que unge a cidade
Marola à direita dos pés
O rio arrebenta de adeus
E viceja a florada na herdade
O dia amanhece prudente
É sexta-feira em Portugal
Canta o sol sorridente
Alvíssaras ao mundo plebeu
Os barcos de bacalhau
Atracam à beira do cais
As raparigas a cantar cheganças
Os homens, as aleluias
Não há tristeza nem ais
Aos portugueses ramos de flores
Não há rumores, nem mas
Só suspiros dos meus langores
Quero ter voz para cantar
Trovas e humildes louvores
Cantigas, glosas de alto mar
De céu e de rio pros meus amores.
“Cantigas de portugueses
São como os barcos do mar
Vão de uma alma para outra”
Com risco (s) de navegar.
Para Ti, Santin’ de Lisboa
O meu segundo fado
Num sentido de dobrado
Marcado de um e dois e
Amém.
Para o Grupo Bayaka

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