Muro das esmolas


São pedras vulcânicas enfileiradas e empilhadas

Milhares delas, a formar uma murada.

No caminho do Kherlen o corpo de um homem descansa

E as almas de ninguém choram, espetadas pelas flechas,

Degoladas, pisoteadas, estropiadas, sozinhas.

É a história humana a conservar heróis e tiranos

Sob o mesmo nó.

Santo Antonio, o muro das esmolas

É um lugar onde os inocentes choram,

Depositam dádivas e pedem ao vento,

Por comida, gers e paz entre os homens.

O muro é a cruz de Cristo.

Talvez Tu tenhas escolhido meditar

Sobre as moradas invisíveis do céu

E tenhas desconsiderado as construções,

As montanhas e os mares.

E tenhas te dedicado ao inefável.

Pensei no muro,

E em todos os que lamentam

E marcham em romaria, em procissão,

Batendo nos peitos e clamando piedade.

Eu quero andar em silêncio e só.

Flanar, se puder...

Será que o pobre corpo me levaria?

Que Tu possas me segurar

Que as minhas mãos são pés.

Aleluia.

* arte islâmica

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