Fitas de sete cores *



Levanta cedo o arraial.
Sobe o pau-de-sebo.
Cresce a fogueira caprichosa.
Os meninos recortam as bandeirolas.
Lá vem a Mariinha com o grude de farinha.
Dona Natalia soca o pilão.
Os bolos assam, as batatas secam ao sol.
Janá prova o vestido sinhazinha
E trança, faceira, o cabelo preto.
Seu Ataíde vem com os fogos.
O balão este ano fica no chão
Iluminando o terreiro junto à fogueira.
Cinco Marias ensaiam balainha
E o sanfoneiro inventa canção.
Na janela a senhora sonha,
e já não é primeira vez.
Queria que o violeiro
Lhe levasse ao baile.
É São Sebastião;
Violeiro não virá não.
O tempo correu mais que lebre.
Negócio mesmo é pitar o palheiro
Lá com o olhar no finito
e fazer verso
Verso de ler no Brasil,
que as conversas Universas ficam pra Clarice.

Comentários

Postagens mais visitadas