Santo Antonio de Lisboa



Pátria mãe dos olivais,
Das rendas brancas,
Dos murais azulejados tão azuis.
Terra de naufrágios e aventureiros,
Banhada pelo Tejo.
Pátria mãe dos varais,
Das janelanças,
Do canto ácido das mulheres,
Das naus catarinetas.
Pátria que acolheu Fernando,
Tornado Antonio,
E lhe deu o pão.
Que o banhou, que o vestiu
E lhe fez cristão.
E lhe deu a voz dos ancestrais.
Terra que sonho ver,
Terra em que sinto o marulhar
De minhas próprias medidas de mim.
Eu sou, da voz ácida, a que enrouquece.
D’um timbre que, de tristezas crônicas, emudece.
Sou o que se espera que seja quem espera.
Quem, de fórceps tirado,
Já está consolado, mas mesmo assim espera.
Ah, Santo Antonio de Lisboa,
Que lindo é o teu quintal,
Que bela é a tua cidade.
Que tu me permitas o movimento,
Desnudá-la em futuro breve.
Amém.

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