violeiro de koré*

Em Koré há um aluvião.
No Passaúna há água salobra.
Às vezes há leve estio,
mas enfim a chuva, chuva, chuva.
Em Koré há uma viola que dobra,
repicando que nem sino.
E há a moça que espera,
e vem chuva, chuva, chuva.
Em Koré tem moda, moça. E chuva.
E o peixe vivo madrugada
a tilintar na vitrola
como brinco de criança de lua.
Nos trilhos do trem a moça cisma.
Não há mais moça,
nem o siricutico da modinhança
a lhe causar tristura besta.
Em Koré o que não falta é gente.
É mão, é riso, é folguedo, é folia.
Na 15 o tropel tange sem hora.
E vem chuva, chuva, chuva.
Em Koré não tem círio de Nazaré.
Também não tem baque de Guiné.
Mas tem a moça lua, troça, sem trança
presa no bulício da lembrança
O dia desce, o sol esvazia.
E a moça que não é suspira.
Pra desdizer qualquer mal dito
A moça flagra o violeiro,
sorridente como que
num reclame de TV
Em Koré tem bala e roca
tem cambinda e filiscroca.
E tem moça. E violeiro. E sina.
Que belo mote perdeu este trem.

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