novembro de Mariana
13 de novembro
Hoje o verso
foi cantar em Mariana.
Encontrou lá
o maior diamante do mundo.
Contou,
solitário,
tantas
peneiras por alí bamboleadas
Tanta água e
pé com fungo e sílica
Morena esquecida
ou algum quimbundo
Coisa de
gente escaldada, perdida.
Hoje o verso
foi cantar em Mariana.
A mãe de
noventa e cinco anos (e isso já é outro verso)
Entrevada
Pediu à
filha cuidadora
Me põe o
vestido vermelho
Que hoje tem
bamboleio no bulício
Loanda kukambula
mbundu xequerê
Vixi Maria
vem, vem logo te benzê
Hoje o verso
foi cantar em Mariana.
Ah Rio Doce,
rio doce... pescador já vem
Pescá saudade
do meu bem
Jogá tarrafa, fazê nenêm...
Ó encontro
espiritual!
O verso, na
margem, olhou suspiroso aquilo tudo.
O leito de
mais um poema
Velou o
cascalho da vida sofrida de Santarém
15 de novembro
Ler " O Rio Doce está completamente morto" é de cortar o coração, é de dilacerar o coração... rio tem alma? Almas, zilhões de almas por nascer?... não consigo parar de pensar naquele engenheiro que me interpelou lá na Vale há algum tempo: e o que vamos fazer? Cantar?... só posso fazer isso, moço, não tenho como desviar a lama, conter a lama, só sei cantar...lembro dos vagões, muitos vagões, cheios de minérios... do cheiro de Governador Valadares... e dos peixinhos que cantei, o Peixe Vivo... Dona eis requiem...
15 de novembro
Ler " O Rio Doce está completamente morto" é de cortar o coração, é de dilacerar o coração... rio tem alma? Almas, zilhões de almas por nascer?... não consigo parar de pensar naquele engenheiro que me interpelou lá na Vale há algum tempo: e o que vamos fazer? Cantar?... só posso fazer isso, moço, não tenho como desviar a lama, conter a lama, só sei cantar...lembro dos vagões, muitos vagões, cheios de minérios... do cheiro de Governador Valadares... e dos peixinhos que cantei, o Peixe Vivo... Dona eis requiem...
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