A dança dos cabelos ao vento

Conta a história que um povo antigo
Ouviu os passos dos soldados chegando e dispersou.
Rastros, às pressas, foram sendo apagados.
Uma grande pira solitária queimou, na rua,
Os livros, a sabedoria, o sonho e a construção.
Já não havia tempo para olhar para trás.
A estrada escorregadia brilhava com os primeiros raios de sol.
Ursos, seria raro encontrá-los na floresta.
Corujas, e seus pios.
Restava apenas embrenhar-se,
Salvar-se e esquecer.
O sol ia a meio quando surgiu a clareira.
A cascata secou as lágrimas.
Invisíveis entidades da floresta
No meio das árvores ficaram a espiar.
Uivos, assovios, sibilos, silêncio.
A dama rosada avisava as cerejas que viriam breve.
Rostos pálidos, morenos
Uns a tocar, outros murmurando
Enquanto os cabelos voavam soltos ao vento.
Esperança é uma palavra santa.
Subia do lago uma névoa.
As aves paradas pestanejam.
Noite chegou, os corpos se uniram nos abrigos
Improvisados.
As corujas piaram
Tempo de ir e não voltar.
O povo hibernou.
* Uma pequena cidade-fantasma é a fortaleza de um povo que tem a imensa responsabilidade de salvar tudo o que se apagou. A origem dos ainos é do século 12. E hoje também lutam para continuar falando a língua deles, não só japonês. Cento e cinqüenta mil descendentes estão espalhados por todo o Japão. Globo Reporter - Japão , pais de mistérios
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