quadras a maneira de prece
Amigo Jesus,
Eu me esforço por achar um
passado
E de nada adiantaria, já sei.
Ajuda-me a aceitar a passagem
atual como ela é.
Para buscar-te,
Insisto em bordar estas quadras
Sem estratégia,
Sem foco, sem projeto.
Falo contigo apenas.
Não quero esvaziar-me por ser
ninguém,
Senão é como esconder-me da
revolta
Em capa de orgulho e vaidade.
Eu sou isso que te dou,
cantando.
Que bom que alguns dos teus
Anotaram-te os acenos
Os acertos, os rabiscos no chão.
As leis tão doces.
Eu só tenho a agradecer-te.
Quero aprender a louvar.
A vida que tu nos destes é bela.
É bela, com todas as ventanias.
Sonho ser exilada
Refugiada
Para não carregar infâmia.
Sou marcada pelos meus atos
Sinto vergonha, culpa, medo.
Sinto falta.
Sinto saudade.
Sou à maneira de um pássaro
A intentar voo
Ofereço-Te o meu trabalho,
Esforço e dor.
Sei que nada se compara
As explosões solares que enfrentas.
Ofereço-te igualmente
O meu apreço pela musica
Eis a sonoridade
Do tempo em que desferi
o golpe que me traz aqui
Na condição em que me encontro.
Se me custa saber o que fazer
deste patrimônio que herdei
Entre afetos inventados
E tino para compor versos
Se há uma tendência oculta
A puxar o gatilho,
A perpetrar a iniquidade,
Ajuda-me.
Olha por mim, Senhor,
Pelos meus pensamentos,
Pela minha vigília
E quando me dou conta
Do ruído das rodas,
Deixo que a música dance -
Bendita seja a tua intercessão
Junto a nós.
A minha volta, os exemplos de
acerto terrestre
Habitam naquelas gentes
sozinhas
Cujos laboratórios contem a
porta enigmática dos mundos
O que almejo,
Poder eu também ser essa gente
solitária
Do Capitólio - o humano
primitivo maturado
O aquartelamento dispensado.
Apenas enviarei estas ondas não
tão quentes
De silêncio para ti.
Tenho estudado, intuído, tenho
percebido
A tua presença
Bendito sejas, Querido Mestre
Que a Luz majestosa do teu Sol
Nos possa chegar
Através da chuva que cai.
Gratos somos nós pelo que
sabemos hoje.
Fica conosco,
Agora e sempre.
Que assim seja.
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